sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Eu sei o que fazer.

Não. Eu não sei o que fazer. Engraçado que quando eu quero fazer algo e tenho a obrigação de fazer tantas outras coisas o meu cérebro parece que entra em looping. Hoje é dia 30 de janeiro de 2015 e há poucos meses eu decidi que quero fazer medicina. Quero ser médica. Quero ajudar as pessoas a terem esperança nos piores e melhores momentos da vida. Quero cuidar da minha família. Quero mudar a minha postura passiva frente aos piores momentos que eu, os que amo e os meus futuros pacientes possam passar. Quero ter estabilidade. Quero me sentir completa. Quero olhar para o futuro e saber que há mais portas abertas do que fechadas. E quero tudo isso porque acredito que sou capaz de fazê-lo.

Tem sido difícil desde que o resultado do ENEM 2014 saiu. Eu não passei em nada. Nada. Tentei engenharia ambiental e geologia, isso porque eu não tinha chances em Medicina, já que no primeiro dia eu era 113ª; depois fui a 93ª e para perder totalmente as esperanças fui a 116ª. Pense em um balde de água fria. Pensou? Agora pense em uma pessoa jogando um balde de água fria em um filhote de pug dormindo. Triste não é? Pois, foi assim que eu me senti.  Desde então tenho reunido forças e me mostrado forte e centrada nos estudos. Biologia (ecologia) não foi um trabalho tão rigoroso mais quando eu penso na quantidade de matéria pendente, no pouco tempo que tenho por dia; no TCC; no IFBA e no curso de contabilidade eu sinto que estou caindo, como em um sonho em que você só tem vontade de acordar e perceber que era apenas um sonho. Mas eu não acordo. 

Preciso abrir minha mente, buscar forças, viver um dia por vez e fazer com que ele valha a pena. Preciso abraçar meus amigos e dar boa noite aos meus pais. Preciso ser mais simpática com meu irmão. Preciso ignorar a carência inconsciente. Preciso levantar e arrumar meu quarto. Preciso cuidar para não engordar. Preciso desligar a história e ouvir só a música. Preciso ler mais. Preciso ser mais crítica. Preciso ver jornal. Preciso dormir. Preciso me manter arrumadinha. Preciso... de um rivotril e uma ritalina, com duas pedras de gelo, por favor! Não que eu tenha chegado a esse ponto, ou que esteja perto disso, mas as vezes é difícil silenciar a própria voz, o que faz as medidas de se manter sedado mais fáceis. Divagações a parte, preciso achar meu equilíbrio.

Escrever esse texto não resolveu meus problemas. Meu quarto continua um caos: meus livros continuam jogados e minha roupa suja em baixo da cama. Meu banheiro continua com a lâmpada queimada e o chuveiro com o “pinga, pinga” constante. Meu livro continua na cabeceira ao invés de estar nas minhas mãos... Mas o nó na garganta, aquele famoso nó que me cala quando eu preciso falar, deu lugar a um pouco mais coragem e inspiração para acordar amanhã e fazer com que as coisas sejam diferentes.

Eu sou um organismo rico em matéria orgânica e energia potencial, não só para cumprir meu papel na biosfera, mas para levantar cedo e arrumar esse quarto; produzir algo para o TCC; organizar as atividades do IFBA, escrever uma redação e ler mais alguns capítulos do meu livro.

O caminho que irá me levar ao sonho da medicina (que é apenas a abertura da porta para os meus outros sonhos) é a mudança de hábitos; é a coragem oportuna; é o “fazer diferente”... Então, agora eu vou ler um capítulo do meu livro e desejar que amanhã eu possa dizer antes de dormir que o dia valeu a pena.  


CARPE DIEM, dormir com a sensação de dever cumprido e não com a ansiedade e angústia do dia perdido.